A troika está cá novamente para avaliar a aplicação das medidas do memorando da miséria.
Os governantes portugueses têm feito tudo para agradar aos amos aplicando as medidas a eito, sem medir as consequências, e com o beneplácito da flácida posição do PS.
Agora admiram-se todos de o desemprego ter chegado ao nível a que chegou e de não haver qualquer sinal de retoma da economia, quando qualquer aprendiz de economista poderia prever o que eles, intencionalmente, não previram.
O parlamento português foi o primeiro a aprovar o princípio do limite do défice orçamental e, agora que mudaram os ventos em França e a Alemanha está mais macia, é o primeiro a aprovar a proposta para uma adenda ao Tratado que contemple o crescimento. Mas eurobonds é que não, pelo menos não antes da chanceler ordenar. Em termos de oportunismo parolo ninguém nos bate. Nem nesta mania que os governantes têm de engraxar quem lhes parece que possa financiar mais umas loucuras.
Entretanto, a economia está de rastos, as empresas fecham, o desemprego aumenta, corre-se o risco de não conter o défice, os juros da dívida sobem, a receita pública diminui, a despesa pública aumenta.
Os baixos salários e o desemprego são, obviamente, os causadores de muitos destes males. Com salários de miséria, não há consumo, arrecada-se pouco IRS e pouco IVA, as empresas fecham. Com o desemprego aumentam os encargos com apoios sociais, não se consome, não se arrecadam impostos. E a coisa vai ser piorar no segundo semestre quando os cortes dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos se repercutirem na economia.
E, no entanto, a dívida soberana continua a aumentar. E continuará a aumentar enquanto não se cortar radicalmente com este sistema de submissão ao capital especulativo e à Europa do euro, ou do marco, ou lá o que é.
E o que é que a troika diz?
Diz que Portugal continua a ter um sistema salarial rígido e que os salários deveriam baixar. Ah, e quanto ao desemprego, vão pensar numa solução.
Eles cortaram-nos a chuva, como o Imperador de Jade. Mas nesse mundo celestial o Dragão era o responsável pela chuva e fez chover, desobedecendo a Jade, quando ouviu os gritos do povo que morria à fome. Então foi obrigado a descer ao mundo dos humanos e aprisionado por mil anos ou até que os feijões de ouro florissem. No ano seguinte, o povo fritou milho e, quando saltaram as pipocas, o Imperador de Jade foi enganado. Os feijões de ouro floriram. O Dragão voltou ao mundo celestial. E houve chuva com fartura.
Ai, se tivéssemos milho para fazer pipocas…