Chegámos ao fim do ano. O plano que os senhores do mundo idealizaram e mandaram aplicar ao nosso país está a resultar. Estão fartos de ganhar dinheiro com ele. Os seus executores têm sido fiéis e serão recompensados. O estado social afunda-se, o desemprego aumenta, a economia regride, mas os juros pagam-se. É o que lhes interessa.
Não sei quanto mais tempo o povo aguentará esta opressão. Mas o povo anda baralhado, e ao alinhar com a demagogia populista que nasceu com a crise, também tem sido um aliado dos opressores. A situação justifica explosões de raiva contra quem fez chegar o país a este estado, mas não pode justificar nunca os ataques que o Estado tem sofrido no meio desta balbúrdia.
Uma oisa é certa: o capitalismo financeiro mundial, cego pela sua ganância, está a acabar com o Estado. Não só com o estado social, mas com o próprio Estado! Por uma vez juntos, Bakunine, Goldman Sachs e o populismo demagógico.
E o povo, por muitas queixas que tenha do Estado, ou melhor, dos que ocupam lugares no Estado, depende desse Estado para manter uma qualidade de vida aceitável, seja na educação, na saúde, ou nas prestações sociais. Parece que não entende isso quando se deixa manobrar pela demagogia populista da comunicação social, incluindo os da blogosfera. Embora seja legítimo querer acabar com o Estado, devemos possuir a bagagem ideológica que sutente essa ambição e prever as consequências dessa possibilidade.
O que o povo não sabe é que os que representam o Estado também não acreditam nele. Se acreditassem não aplicariam as receitas que os seus mentores lhes fornecem, nem contribuiriam para a sua destruição. No entanto, é o que fazem. As suas políticas de diminuição do estado social, reduzindo as prestações devidas aos mais desprotegidos, destruindo o pacto social e privatizando a saúde, a educação e os bens essenciais para a sobrevivência como a água e a eletricidade, são a prova de que só o lucro interessa, o ser humano só atrapalha. E sem humanos não há Estado.
Esta teoria já fez o seu caminho, quando os pobres produziam proles intermináveis e a substituição do ser humano era tão fácil como a de um parafuso. Hoje é diferente, na Europa, a fraca taxa de natalidade não o permitirá. A Europa definha e morrerá se for por este caminho.
Bem sabemos que as civilizações e os impérios têm sempre um fim e são substituídos por outros. Mas porque temos nós de ser os seus algozes?
Se quisermos eliminar o Estado, sigamos Bakunine. Mas fujamos a sete pés do capitalismo financeiro mundial e do populismo demagógico. Saibamos distinguir entre o sonho e o pesadelo.