quarta-feira, 11 de abril de 2012

Dr. House e a crise

Sempre desconfiei que o mundo estava a correr alegremente para o abismo.
A loucura inebriante dos mercados e a milagrosa multiplicação apátrida do capital tinham qualquer coisa de psicadélico que criava um estado coletivo de consciência alterada a nível global.
Porém, lá no fundo, pensava que, no submundo das universidades, génios da ciência financeira preparavam em silêncio a solução para quando o delírio se desvanecesse.
Afinal não havia. Os cientistas da finança andavam todos metidos na festança. Os cérebros cansados de tanta alucinação, definharam. E agora é tarde demais para inventar uma saída.
Chegados a esta situação, as caquéticas organizações que mandam no mundo dão-nos receitas para nos salvarmos. Obrigam-nos a aceitá-las à força. E nós, vigiados pelo sistema que nos governa (governo, oposição, partidos, sindicatos, lóbis, bancos, etc.) tomamos os remédios, pela goela abaixo e com o nariz tapado.
Mas os efeitos secundários são maiores que os efeitos principais que, de um dia para o outro deixam de ser principais e passam também a secundários. E encontram-se outras causas e outros efeitos. E tomam-se outros remédios, cada vez mais malcheirosos, cabeludos e a saber a fénico.
E o doente piora, piora, exaure, transpira mais que respira, esvai-se num estertor de morte.
Fazia-nos falto o Dr. House para nos dar uma dose de efedrina enquanto descobre a solução para tão grande e quase fatal enfermidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário