Terminou mais uma Cimeira Europeia. Com os resultados do costume.
Foi rejeitada a mirabolante proposta alemã que reduzia a Grécia a um quase estado-falhado, sujeito a viver sob a tutela de um comissário europeu.
A Alemanha continua a querer fazer passar por parvos, não só os países europeus que foram apanhados pela grande vaga da crise do euro, como os restantes países que ainda alimentam a ilusão de manter a cabeça fora de água. Assumem-se como salvadores, quando são os principais responsáveis pelo ponto a que chegou o euro e, consequentemente, a Europa.
A manutenção desta situação é muito rentável para os seus bancos que, embora saibam que estão a arrastar para o abismo todo o sistema, não conseguem parar. Porque a ganância está inscrita no código genético do capitalismo. E pode levar à sua destruição, quando não é regulado, ou seja quando, como agora acontece, ele próprio se regula.
Agora vão tratar de emprestar mais algum dinheiro, “perdoar” outro e ganhar mais uns trocos com o sofrimento de um povo que foi ingénuo ao ponto de esperar alguma solidariedade da Europa.
E também começam a falar de crescimento da economia. E de como ela é importante para sair desta crise. Só ainda não descobriram que, em países completamente destruídos pela austeridade, esta receita do crescimento económico, por acordo, dificilmente funcionará.
E o patético presidente da Comissão também anunciou umas artimanhas anunciadas para manter os jovens ocupados, via Fundo Social Europeu. Talvez sirvam apenas para suavizar as estatísticas do desemprego. E isso não conta como crescimento.
E, como forma de distrair as atenções, acordaram também em limitar o défice dos países, por lei ou através das respetivas constituições. Sabem perfeitamente que isto não serve de nada. O problema principal não é esse e não é para levar a sério, sobretudo se os alemães ou franceses forem os primeiros a não o respeitar.
A Europa parece começar a estar viciada na adrenalina do desastre iminente, na batida forte do coração em situações de risco, no arrepio na barriga, no suor frio do medo antes do choque final.
Mas as histórias de suspense nem sempre acabam bem. Às vezes o herói também morre.