O primeiro-ministro disse ontem que Portugal não vai precisar de novo apoio internacional nem de dilatar os prazos para pagar os empréstimos. A menos que fatores externos a isso obriguem.
Ora, esta declaração não tem pés nem cabeça, não é séria ou demonstra uma grande incapacidade para interpretar o tempo em que vivemos. Pois, se foi a globalização, o fator externo, que nos conduziu a esta situação, se foi de fora que veio o dinheiro que alegadamente lhes devemos, se qualquer espirro nos mercado, externos, nos fazem estremecer e endividarmo-nos mais uns milhões, como é que é possível não sermos condicionados pelo fator externo?
É mais uma vez a expressão da esperteza saloia, para consumo interno, e a subserviência do aluno bem comportado, para conhecimento internacional.
Cada vez me convenço mais que estamos a ser dirigidos por títeres manipulados pelos mesmos bonecreiros que nos conduziram a esta miserável situação e aos quais apenas basta mudar o personagem para iludir os espectadores.
Não é hoje possível esperar que, mesmo cumprindo tudo o que nos obrigaram a cumprir, consigamos ultrapassar este estado a que chegámos. Todos os indícios nos dizem que não.
Mesmo que consigamos cumprir os acordos que os nossos dirigentes cobardemente assinaram, o fator externo - os mercados – poderão reduzir-nos a pó.
Este processo conduzir-nos-á inexoravelmente à pobreza mais ignóbil. Seremos pobres, mas bem-mandados.
Todas as ditaduras sonham com isso. Já vivemos sob uma: a do capital financeiro que está a destruir o mundo ocidental, do humanismo e dos valores, a que chamámos nosso.
E os seus criados continuam a governar-nos, tentando desesperadamente chamar a atenção dos seus chefes, pela obediência, pela subserviência e pela humilhação.
E, depois, ainda nos fazem crer que o fator externo é que poderá afetar o cumprimento dos acordos. Como se não soubéssemos isso desse o primeiro dia.
Como podemos acreditar nesta gente? Eles são a excrescência do fator externo.
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